Por ocasião do IV Encontro Internacional dos Povos Originários das Américas, a Galeria de Arte La Salle, em parceria com o Museu do Índio e o Museu Histórico Nacional, apresenta a exposição “Tekoa: Arte-Memória Guarani”. A mostra desvela a memória e as características territoriais de umas das mais representativas etnias indígenas das Américas. Por meio de fotografias, cerâmicas, cestaria, indumentária e artefatos ritualísticos, somos transportados para o território sagrado, conhecido como “Tekoa”, conhecemos os espaços geográficos por onde esse povo originário se desloca e, acima de tudo, sua capacidade de (r)existir às condições desagregadoras do mundo globalizado.

A história nos conta que, antes da chegada dos europeus, os Guaranis viviam em aldeias de duas, três ou quatro casas grandes, onde habitavam mais de 100 pessoas. Eram excelentes agricultores, com domínio das técnicas e produção de excedente de mantimentos, sem degradar a natureza. Sua cerâmica era notável de beleza estética, assim como sua arte plumária e cestaria. Tudo desapareceu quase por completo. A arte, os mitos e rituais sagrados, no entanto, resistem por meio da memória das tradições.

Para garantir a reprodução do modo de vida Guarani, a exposição nos mostra que é imprescindível a preservação do ambiente natural, pois a Tekoa é ocupada por seres espirituais que regem a fé, a política e a cultura indígena. Ainda assim, os Guaranis sofrem há mais de cinco séculos com a invasão e destruição das suas terras, desde a chegada dos colonos e, mais recentemente, com as produções desmedidas de soja e açúcar.

Tekoa é lugar de vida, de luta e existência. Tekoa é desconstruir o modo individualista de ser. Tekoa é ancestralidade e, portanto, cabe a todos nós preservar este “patrimônio cultural, intelectual, bio-genético, territorial e ambiental” (Estatutos da Federação Nativa Aché do Paraguay). Que, assim, possamos fortalecer não apenas a cultura dos povos originários das Américas, mas também o nosso próprio futuro.