Raízes e galhos em abandono, recolhidos na cidade, apresentam-se aqui como sementes geradoras de memórias. Na composição estética sugerida pela artista, eles nos conduzem a territórios simbólicos, singulares e com forte dimensão afetiva.
Wil Catarina elege, coleta e reconfigura pequenos fragmentos naturais encontrados em praias, cachoeiras, mangues e até em ruas e praças da cidade e os lança à condição de obra de arte. A partir dessa matéria-prima, ela alça voos ainda mais altos, transfigurando-os em expressões gráficas e escultóricas de grandes dimensões, peças construídas em consonância ao compromisso com a sustentabilidade, uma vez que a composição interna de seus trabalhos é concebida na fatura de papeis reaproveitados.
O grafismo em preto e branco sobre o papel kraft, em sintonia direta com a matiz dos elementos naturais, cria uma atmosfera que nos permite alcançar novas dimensões de sentidos, pois aciona memórias e afetos ancestrais. Aí está a potência do trabalho da artista: nos oferecer um ambiente com possibilidade de múltiplas narrativas, onde a ação dos objetos nos impulsiona a estender nossos olhares para além daquilo que se percebe à primeira vista.
Anamneses se propõe a ser, para além de uma exposição de arte, uma nova experiência, onde nos é sugerido adentrar a obra, construir diferentes percursos e leituras enquanto registros profundos de memória, para, assim, sairmos diferentes de como entramos.